Como combater o bullying no trabalho?
21 Agosto 2023
Entenda qual é o papel da empresa para evitar que esse tipo de problema aconteça no dia a dia
Muito se fala sobre casos de bullying nas escolas, entre crianças e adolescentes. Mas essa prática não se restringe a esses ambientes e faixas etárias. Infelizmente, é algo que ultrapassa os portões dos colégios e chega a outros espaços, como o mercado de trabalho. Diferentes casos são registrados frequentemente no universo corporativo, criando uma rotina hostil e desrespeitosa.
Esse tipo de comportamento pode ativar gatilhos emocionais, como ansiedade, estresse, pânico e medo extremo, entre outros. Ou seja, as consequências são graves, daí a importância de ligar o alerta vermelho para combater o problema. Mas como fazer isso na prática? É o que mostramos a seguir. Você verá:
- O que é bullying corporativo e como ocorre
- Quais são as consequências do bullying?
- E como combatê-lo?
O que é bullying corporativo e como ocorre
Você conhece o podcast Não Inviabilize, da psicóloga Déia Freitas? Nele, há um quadro chamado Picolé de Limão, que traz histórias ácidas vividas por pessoas em diferentes situações, como o ambiente de trabalho. Em uma delas, uma pessoa recém-contratada teve a sua garrafa de água roubada por um de seus colegas, que alegou ser um tipo de boas-vindas (nada amistoso, por sinal).
Esse tipo de comportamento é bullying. E precisa ser combatido. O termo é utilizado para definir condutas abusivas com um ou mais colaboradores de uma companhia. Trata-se de algo que pode envolver humilhações, intimidações, ameaças, provocações, fake news, piadas, exclusões e até mesmo agressões (físicas e psicológicas).
Quando submetido a situações como essas, o profissional pode ter a sua saúde mental gravemente abalada. Além disso, é comum perder a vontade de desempenhar suas funções, ir à empresa ou então participar de integrações com a equipe, como festas e encontros. No dia a dia, a produtividade é impactada, fazendo com que o funcionário fique totalmente apático.
Uma pesquisa divulgada pela Harvard Business Review mostrou que 30% da força de trabalho norte-americana sofre bullying. Na Índia, o indicador é de 55% e, na Alemanha, de 17%. O problema existe e está mais presente do que imaginamos.
Quais são as consequências do bullying?
Comportamentos inadequados trazem com eles resultados graves - e, em muitos casos, irreversíveis. Olha só os principais:
- Problemas físicos: doenças físicas, Síndrome de Burnout e incapacidades.
- Questões psicológicas: ansiedade, depressão, pânico, insônia, falta de autoconfiança, pesadelos e tendência ao suicídio.
- Perdas sociais: queda na reputação, redução da amizade e da confiança. As relações de trabalho ficam impactadas.
- Finanças abaladas: perda de renda.
- Impacto organizacional: má gestão do tempo, queda de produtividade, aumento do turnover e das despesas relacionadas, maiores índices de absenteísmo e de custos relacionados à saúde da equipe, gastos com ações judiciais, danos à imagem de marca empregadora e afastamento de talentos.
São problemas sérios, que impactam a saúde das pessoas e o dia a dia da companhia. Aos poucos, o valor do negócio é afetado, uma vez que torna-se um local considerado ruim para se trabalhar. Ou seja, a experiência do funcionário, bem como a imagem de marca empregadora, ficam completamente comprometidas.
E como combater o bullying corporativo?
O ponto de partida é fazer da empresa um local seguro e acolhedor. E, para que isso aconteça, a Harvard Business Review ressalta que os gestores precisam conhecer os tipos de bullying que existem. Abaixo, a classificação feita por estudiosos do tema.
Tipos de intimidação
- Hostil: gritar com alguém, arremessar objetos, inventar mentiras para que alguém seja demitido ou apenas para causar sofrimento e um sentimento de total insegurança.
- Instrumental: espalhar rumores, mentiras e duvidar do talento alheio para se dar bem dentro da empresa.
- Direto: bater, gritar, culpabilizar e envergonhar. Mandar mensagens agressivas e hostis.
- Indireto: espalhar boatos, reter informações e fazer sabotagem.
- Explícito: humilhar e silenciar uma pessoa na frente dos outros.
- Encoberto: gaslighting (termo utilizado para caracterizar o comportamento de uma pessoa que faz a outra acreditar que está maluca), segurar informações e culpabilizar alguém sutilmente.
- Bullying relacionado ao cargo (abaixo): chefes que praticam bullying (65% dos casos).
- Bullying relacionado ao cargo (horizontal): profissionais que intimidam seus colegas (25% dos casos).
- Bullying relacionado ao cargo (acima): funcionários que praticam bullying com seus superiores (15% dos casos).
- Bullying relacionado ao cargo (mix): colaboradores têm esse tipo de comportamento independentemente de suas posições.
Conhecendo os tipos de bullying existentes, a companhia consegue acolher adequadamente seus colaboradores. E o primeiro passo, de acordo com o estudo da Harvard Business Review, é prevenir. Evite que esse tipo de situação aconteça conscientizando os colaboradores, com palestras e ações sobre o tema. Também é essencial deixar claro que a empresa punirá quem tiver essa conduta. Ou seja, além dos cuidados preventivos, também é importante ter uma postura reativa.
Outro ponto de atenção é não colocar as pessoas que sofreram o problema como alvos. Trata-se de um processo desgastante por si só - e ter que resolvê-lo a partir de conversas com seus agressores pode ser muito cruel. Cabe ao RH oferecer o acolhimento necessário, sem expor as vítimas. Um suporte psicológico também é extremamente bem-vindo, uma vez que pode ajudar a identificar situações que não foram reportadas até então.
Sendo assim, a combinação mais efetiva para combater o bullying corporativo é ter uma política que privilegie sempre a justiça e a ética, dando as devidas punições para quem tem comportamentos inadequados, agir sempre com transparência com os envolvidos, dar voz e escutar todos os profissionais e promover um ambiente permeado por segurança psicológica. As pessoas não podem sentir medo de contar possíveis problemas ou expressar opiniões.
E mais: vale disponibilizar um canal estruturado de denúncias, uma vez que muitos profissionais podem não se sentir à vontade para procurar, cara a cara, o RH e/ou seus superiores diretos. Também invista em treinamentos de comunicação não-violenta para todos os membros das equipes e faça pesquisas de clima frequentes.
Concluindo
O bullying no trabalho é real - e afeta muitas pessoas mundo afora. Esse tipo de comportamento é um gatilho para depressão, ansiedade, perda de produtividade e apatia, entre outros. Daí a importância de identificar essas situações no dia a dia e oferecer o acolhimento necessário, além das devidas punições a quem comete as agressões, sejam elas físicas ou psicológicas.
Ter uma escuta ativa, fazer ações preventivas e investir em capacitação com foco em comunicação não-violenta são caminhos promissores para garantir um ambiente permeado por respeito. Além disso, boas práticas relacionadas à diversidade, equidade e inclusão são peças fundamentais para reforçar essa necessidade.
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