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Gestão de Pessoas

Qualidade de vida e transformação das cidades - parte 2

09/01/17 12:25

Leia a segunda parte do artigo sobre as “Comunidades 18 horas”, que unem, em um mesmo espaço, trabalho e moradia

 

Todos os anos a Sodexo faz um estudo sobre tendências relacionadas ao ambiente de trabalho no mundo todo, chamado Workplace Trends. A edição 2016 trata de uma série de tendências que estão se tornando realidade para profissionais de diferentes países e uma delas é a adaptação dos espaços urbanos à transformação causada por novos modelos de negócio, sobretudo os ligados a tecnologias digitais. Leia, a seguir, a continuação do artigo sobre “Comunidades 18 Horas”, que unem, em um mesmo espaço, trabalho e moradia.

Tomando como exemplo a infraestrutura de Crystal City, que fica nos arreadores de Washington, está sendo renovada para que os habitantes possam morar, trabalhar, fazer compras e se divertir sem precisar sair da região. Corredores subterrâneos conectam os quarteirões dos prédios altos de moradia aos edifícios de escritórios, para facilitar ao máximo a transição entre as atividades – um espaço urbano moderno e diferente! Nessa cidade, um antigo prédio de escritórios está sendo reformado para oferecer tanto espaços para coworking como andares para apartamentos residenciais. Essa é a primeira das muitas transformações que acontecerão no futuro, reduzindo a linha tênue que separa a vida profissional da pessoal. Projetos arquitetônicos modernos visando as novas tendências corporativas.

O coworking é um movimento que começou em 2005 e cresceu ao longo do tempo. Atualmente, há mais de 3.100 espaços para coworking em todo o mundo. A previsão é de que o movimento cresça ainda mais, atingindo o número de 12.000 espaços nos próximos anos. Essa é uma consequência natural do surgimento do prestador de serviços autônomo, que prefere se concentrar em projetos pontuais, em vez de trabalhar em tempo integral para uma organização. De acordo com previsões, esse tipo de trabalhador independente representará quase metade da força de trabalho até 2020. Embora o local de trabalho digital e todas as tecnologias móveis permitam que o trabalhador de hoje não fique preso a um único lugar, o profissional independente ou autônomo que escolheu levar uma vida de empreendedor ainda precisa de um local físico. Os espaços de coworking atenderam a essa necessidade de ambientes de trabalho mais flexíveis e casuais, projetados de acordo com a cultura urbana local. Por conta disso, é natural que esses ambientes voltados para a diversão, com grande enfoque em edifícios comunitários, também cresçam para adicionar espaços de coliving.

História do jovem empreendedor

Imagine que você acabou de sair da faculdade e conseguiu parte dos recursos para criar um produto tecnológico. Você pode morar em qualquer lugar que escolher, mas tem pouco dinheiro para investir no primeiro ano. Sua vontade é morar ao lado de pessoas criativas, o que geralmente significa escolher as cidades mais descoladas do mundo, mas lugares como Nova York e Londres são muito caros. Quais seriam suas opções atuais? Você poderia:

a. Escolher um escritório de coworking da WeWork, disponível em 19 cidades pelo mundo. A WeWork é uma empresa fundada por Adam Neumann (agora avaliada em US$ 10 bilhões). Adam, ao lado de seu parceiro de negócios, um arquiteto, criou um novo modelo de imóveis chamado “asset lite”. A WeWork não é proprietária de imóveis, mas assina contratos de locação de longo prazo de edifícios, transformando-os em espaços estilosos com escritórios abertos, e oferece todos os serviços necessários para garantir uma experiência de trabalho sem interrupções. Isso inclui não apenas café, cerveja e clipes, mas também eventos sociais, além de orientação empresarial e financeira. É possível pagar por hora, dia, semana ou mês e até mesmo optar por morar em um novo espaço de microapartamentos da WeLive nas proximidades. A opção de coliving tem baixo custo e, assim como o espaço de coworking, tem comodidades e serviços incluídos no aluguel, como áreas comuns, bibliotecas, jardins e estacionamento de bicicleta.

b. Escolher um espaço de coliving chamado Brownstone, onde é possível alugar um quarto em um prédio residencial com 20 apartamentos no centro de uma cidade. O espaço inclui quatro cozinhas compartilhadas e uma sala de jantar em uma área comum que pode se transformar em uma área de trabalho durante o dia, o que significa que não seria preciso se deslocar para chegar ao trabalho. Assim, seria possível levantar da cama e dar poucos passos até uma área separada para trabalhar na criação do seu incrível novo produto, além de ter profissionais comprometidos ao seu lado.

c. Por fim, você poderia optar por morar e trabalhar em algumas cidades de acordo com a época do ano. Digamos que você tenha um bom amigo na Cidade do México, por exemplo, e decidiu fazer parte de um ecossistema de locais que possibilita uma assinatura global de coliving/coworking. Isso permite que sua residência principal seja o México durante o outono e o inverno, o que inclui também a moradia e o espaço de trabalho. Depois, você poderia sublocar esse espaço enquanto trabalha em outro local semelhante em Bali, na primavera, e em Lisboa, no verão. Para muitos dos trabalhadores de hoje — mas principalmente para os Millennials — essa é a vida dos sonhos de empreendedores nômades globais.

Todas as opções acima evoluíram com base nos conceitos de vida em comunidade e compartilhamento de espaços. Essas opções, porém, são diferentes das comunidades hippies ou kibutz de Israel, pois não há trabalho compartilhado. O objetivo dessas comunidades é facilitar ao máximo a vida para o habitante urbano que deseja se concentrar no trabalho, mas também se divertir em um ambiente envolvente.

O artigo é de autoria de Nancy Johnson Sanquist (membro da IFMA e membro associado do AIA, estrategista de imóveis e locais de trabalho da Trimble) e de Diane Coles Levine (MCR, diretora executiva da Workplace Management Solution).