guia da demissão humanizada

O que é demissão humanizada e a importância de adotá-la

26 Setembro 2022

Desligar profissionais é uma tarefa difícil, que exige tato e empatia. Veja como fazer no artigo

Houve um boom de desligamentos em 2021 - foram mais de 265 mil vagas perdidas, de acordo com o IBGE.Isso revelou algumas práticas nada empáticas na hora de comunicar a saída. Demissões sendo feitas pelo WhatsApp ou em videoconferências coletivas. Um "tchau" sem explicar motivos e, muito menos, permitir que as pessoas se despeçam de colegas e/ou do escritório.

Esse tipo de comportamento por parte do RH e da empresa em geral pode causar traumas enormes em uma pessoa, além de manchar a imagem da companhia junto ao mercado. Afinal, nenhum bom talento gostaria de trabalhar em um local que trata suas equipes dessa forma. Por isso, é fundamental - e urgente - falar sobre demissão humanizada. Você sabe o que é o conceito? Falamos sobre o tema neste artigo. Veja também:

Onda de demissões: o que está acontecendo?

Já falamos aqui sobre a Grande Renúncia, movimento mundial que dá nome ao aumento exponencial de pedidos de demissão voluntária. Muitas pessoas estão querendo mudar. Ao mesmo tempo, entretanto, várias delas estão perdendo os seus empregos. Para se ter uma ideia, somente em dezembro de 2021, o Brasil perdeu mais de 265 mil vagas com carteira assinada, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). É muita coisa!

Pouco mais de 10 milhões de pessoas estão desempregadas em 2022, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Muito disso é consequência da pandemia, que mexeu com a saúde financeira de diversos negócios.

Toda essa movimentação gera um desafio para o RH: reorganizar o quadro de funcionários e desligar colaboradores com maior frequência, o que, definitivamente, não é uma tarefa fácil. Mas, e aí, como demitir um funcionário sem causar traumas? É o que falamos a seguir.

O que é demissão humanizada?

Demissões por WhatsApp, videoconferência, sem explicar motivos, nada de empatia… Situações como essas se repetem em muitas empresas. De acordo com a psicóloga do trabalho Simone Carvalho, isso acontece por diversas questões: "Falta de preparo e de sensibilidade ética dos gestores e da própria companhia. Trata-se de um momento difícil para o trabalhador, que já está vulnerável diante dessa situação", comenta.

Segundo ela, um desligamento feito dessa forma gera insegurança, além de afetar a autoestima e a autoconfiança dos profissionais. "O sentimento de ser descartável pode levar à fragilização do senso de identidade e causar sofrimentos e sintomas psíquicos", alerta.

Daí a importância de adotar a demissão humanizada. Simone define esse conceito como um "desligamento feito com cuidado e empatia".

Como demitir um funcionário?

A primeira premissa da demissão humanizada, de acordo com Simone, é transmitir ao colaborador todo o seu valor e reconhecer a contribuição que deu para a empresa ao longo do tempo em que integrou o quadro de funcionários. "O gestor direto deve explicar os motivos com clareza. As pessoas se ressentem muito por não saberem o que está acontecendo. Isso, inclusive, tende a aumentar as queixas trabalhistas", ressalta.

Para a psicóloga, uma boa prática é realizar uma entrevista de desligamento, geralmente feita dias depois da demissão em si. "É uma forma de dar um feedback sobre a atuação do trabalhador", comenta. Além disso, há muitas companhias que investem na recolocação desses profissionais, contratando consultorias que os ajudem a encontrar novas oportunidades de trabalho.

Para o momento do desligamento em si, Simone faz um alerta: "Deve-se evitar tudo o que possa ferir a ética e os princípios de humanização", comenta. Sendo assim, nunca faça isso a distância, seja por telefone, videoconferência, e-mail ou WhatsApp. "Opte sempre pelo presencial, em um ambiente privado e reservado", sugere.

A linguagem deve ser cuidadosa, respeitosa, levando em conta o momento delicado. "A empatia é fundamental para a condução da conversa. Coloque-se na perspectiva do outro e faça tudo com cordialidade e consideração", recomenda.

Mais boas práticas da demissão humanizada

Como comentamos, comunicar com clareza é fundamental. Todos os motivos que levaram a empresa àquela decisão devem ser explicados. "Isso torna-se bem mais simples quando há uma relação de confiança, diálogo e respeito entre o gestor e a sua equipe", enfatiza.

Além disso, ela ressalta a importância de enaltecer o trabalho que foi realizado. "Mostre o reconhecimento pela entrega de resultados e contribuição do funcionário", diz. Quando a demissão ocorre por algum problema de desempenho, o ideal é que tais questões já tenham sido trabalhadas anteriormente. "Evidencie a evolução do percurso, reconhecendo os aspectos positivos", ressalta a psicóloga. 
 

Concluindo

A demissão humanizada é dever de toda empresa. Afinal, ninguém é descartável. É preciso ter cuidado, empatia e clareza para explicar todos os motivos. Também é fundamental reconhecer as entregas dos profissionais, mostrando todo o seu valor.

Dessa forma, o desligamento pode gerar aprendizados - e não traumas. Jamais faça esse processo por e-mail ou aplicativos de mensagem. O importante aqui é o olho no olho (mesmo se o profissional estiver longe da sede, marque uma reunião online privada). Quando as relações no trabalho são permeadas por respeito, todo mundo ganha!

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