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A grande renúncia: por que bons funcionários têm pedido demissão?

23 Novembro 2022

O volume de pessoas saindo de seus empregos tem aumentado dia a dia. Entenda os motivos no nosso e-book!

Por que bons funcionários pedem demissão? Se essa pergunta está aí, martelando na sua cabeça, este é o lugar certo para entender esse movimento que tem tomado conta do mercado de trabalho. Ano a ano, mais profissionais decidem sair de seus empregos para procurar opções mais equilibradas, saudáveis e que os façam sentir valorizados.

Esse movimento ganhou um nome: a grande renúncia. Mas quais são os motivos de tanta insatisfação? É o que te explicamos por aqui. Você verá:

  • A grande renúncia: as pessoas estão deixando seus empregos
  • Mas por que bons funcionários pedem demissão?
  • Como evitar que as demissões aconteçam?

A grande renúncia: as pessoas estão deixando seus empregos

O Brasil bateu recorde de demissões voluntárias de maio de 2021 ao mesmo período de 2022. Segundo um estudo feito pela LCA Consultores, foram 6,175 milhões de pedidos. Do total de pessoas desligadas (18,6 milhões), 33% saíram porque quiseram. Ou seja, uma em cada três dispensas foi desejada pelos trabalhadores.

O número chama atenção por si só, mas quando acompanhado de um cenário no qual o desemprego também atingiu indicadores altíssimos, se torna ainda mais preocupante. Se as pessoas estão abdicando de seus cargos, mesmo em um contexto permeado por incertezas, é porque alguma coisa está muito errada. E é papel da empresa descobrir o que vem acontecendo. 

"Como empregadores, precisamos entender o que é importante para as pessoas que trabalham na nossa organização. Por isso, a escuta ativa é necessária. Quando ouvimos, conseguimos desenhar estratégias mais aderentes", ressalta Danilca Galdini, diretora de Insights do Grupo Cia de Talentos.

Mas por que bons funcionários pedem demissão?

De acordo com a coach de carreiras Germana Benirschke, diversos aspectos podem levar à demissão voluntária. Alguns dos principais:

  • Vontade genuína de ir para outro negócio: estar engajado em outra causa, ter outro propósito;
  • Desejo de empreender: tirar ideias do papel e ter mais liberdade;
  • Sentir uma motivação diferente: o colaborador pode estar em outra sintonia - e tudo bem;
  • Proposta mais atrativa: profissionais são constantemente pescados no mercado;
  • Questões pessoais: envolvem mudança de cidade, problemas de saúde e motivos familiares, entre outros;
  • Mudança de área: é comum migrar para outros setores - e, muitas vezes, não há esse segmento dentro da sua empresa ou então uma vaga condizente;
  • Relacionamento: problemas que acontecem no dia a dia do colaborador, sobretudo com a liderança.

Germana destaca que, dentre todas essas questões, a que mais impacta as demissões atualmente é o relacionamento, principalmente com os gestores. "Tem até um jargão antigo que diz que o colaborador se desliga da liderança, não da empresa. Isso é muito atual", comenta.  Segundo ela, a falta de comunicação, de escuta e de uma cultura de feedback são os principais gatilhos para que esse tipo de problema aconteça.

"Líderes geram engajamento, inspiram e podem reduzir bastante os movimentos de pessimismo. Quando eles não agem dessa forma, contribuem ativamente para que as demissões aumentem", alerta. 

O pessimismo que a coach cita aqui é perigoso, uma vez que pode gerar um efeito cascata. Ou seja, quando uma pessoa está descontente, desmotivada, começa a falar para os outros membros da sua equipe. O mesmo sentimento tende a se multiplicar, gerando demissões voluntárias em série. Daí a importância de agir.

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Como evitar que as demissões aconteçam?

Danilca diz que é algo complexo, que exige um esforço enorme da empresa. Em primeiro lugar, é preciso trabalhar o senso de pertencimento. "A organização deve estimular que as pessoas sejam quem são, que se expressem livremente, sem preocupações. Esse sentimento impacta o bem-estar, a saúde mental e motiva o trabalho com significado", comenta.

Outro ponto urgente, segundo ela, é dar autonomia para as tomadas de decisão. "Precisamos oferecer espaço e confiança, valorizando todas as contribuições", ressalta. Também é fundamental ter uma comunicação aberta e honesta, sobretudo no modelo de trabalho híbrido. 

Nesse caso, o distanciamento pode ser um gatilho para a insatisfação e, consequentemente, para os pedidos de desligamento. "Organizações que escutam e valorizam conseguem ter conversas transparentes e até realinhamento de expectativas", destaca Danilca.

A especialista chama atenção ainda para um fator que considera primordial: "as pessoas esperam trabalhar em locais que tenham respeito por elas. Que entendam que o trabalho é apenas uma parte da vida. Claro que é uma parte extremamente importante, mas não é a única. Deve haver um equilíbrio". 

Germana ressalta que os líderes são decisivos na busca pelo equilíbrio que Danilca aponta. "Eles devem ser os guardiões da cultura organizacional, dando feedback contínuo e abrindo espaço para conversas francas", diz.

Foco na retenção de talentos: atenção aos sinais

É possível evitar que tudo isso aconteça, mas depende de um esforço extra, sobretudo, do profissional de RH. O ponto de partida é: tenha muita atenção aos sinais.Mas antes de entender quais são eles, é importante saber os motivos que vêm ativando o gatilho da demissão voluntária. De acordo com uma pesquisa feita pela consultoria Gartner, as principais causas são:

  • Falta de reconhecimento no trabalho;
  • Poucas ou nenhuma oportunidade de crescimento;
  • Liderança que não apoia;
  • Ambiente de trabalho tóxico;
  • Falta de autonomia e flexibilidade;
  • Valores pessoais que não são alinhados aos da empresa;
  • Marcas empregadoras mais atraentes.

No dia a dia, essas questões que colocamos acima vão se manifestando em sinais dados pelos colaboradores, muitas vezes involuntariamente. Portanto, muita atenção a esses indícios:

1. Aumento da frequência de faltas: a ausência cresce aos poucos e passa a fazer parte da rotina;

2. Desinteresse: não existe mais a mesma vontade em fazer novos projetos ou participar de ações;

3. Apatia: as atividades começam a ser feitas no modo automático, sem criatividade, paixão ou busca por inovação;

4. Cansaço excessivo: o esgotamento é perceptível visualmente;

5. Pouca vontade ou disponibilidade para interagir: happy hours e outras atividades que pedem a interação com outras pessoas da equipe ficam sempre de lado. Profissionais passam a dar desculpas para não estarem nesses locais com seus colegas;

6. Reclamações frequentes: os incômodos crescem e começam a ser verbalizados com maior frequência;

7. Falta de foco: a distração é frequente e, muitas vezes, compromete as entregas;

8. Descumprimento de prazos: o cronograma deixa de ser seguido e os atrasos são recorrentes;

9. Saúde mental abalada: profissionais que estão prestes a pedir demissão podem estar no seu limite. Muitos procuram ajuda psicológica, mas outros demoram a entender que precisam deste apoio;

10. Descrédito: tudo o que a empresa faz já não tem valor para este profissional.

Concluindo 

Então, por que os bons profissionais pedem demissão? Não existe uma resposta única - nem uma solução isolada. Esse movimento acontece por uma série de fatores, que devem ser constantemente monitorados pelas empresas em conjunto com os líderes. Tais profissionais são extremamente importantes para conter a insatisfação.

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