Por mais sustentabilidade no setor automotivo
Artigo de Petrus Moreira
São Paulo, maio de 2024 – O Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), criado pelo governo federal por meio do Projeto de Lei 914/24, prevê benefícios fiscais às montadoras que investirem em tecnologias de baixa emissão de carbono, como os veículos híbridos e elétricos, enquanto investem em pesquisas e inovação no setor. Consequentemente, a iniciativa amplia a exigência por frotas mais sustentáveis e estimula o desenvolvimento de novas tecnologias voltadas à mobilidade e logística.
Mesmo sem incentivo fiscal, muitas empresas têm total interesse em apoiar a iniciativa e até já realizam estudos com seus clientes para identificar oportunidades para oferecer produtos e soluções mais sustentáveis. Seja no papel de curadoria, orientado às melhores práticas, ou no fomento de parcerias que possam apoiar na redução de emissão de carbono, as empresas que atuam no setor de frota estão cada vez mais de olho em programas como o Mover.
Isso porque projetos de incentivo como esse podem acelerar a evolução do mercado automotivo na aplicação de práticas mais sustentáveis. Se bem executados, surtirão efeitos na carga tributária, principalmente no uso dos produtos mais sustentáveis em todo ecossistema logístico, trazendo benefícios para toda a cadeia. Então, é fácil concluir que o governo tem papel fundamental em incentivar a população quanto à escolha de produtos e serviços mais sustentáveis, em detrimento daqueles que englobam maiores emissões de carbono.
Já para o setor, o incentivo pode ser oferecido por meio de menores tributos, para promover a aquisição e manutenção de frotas mais sustentáveis, tanto no preço de compra, quanto em IPVA, taxas, pedágios etc. Ter custos menores ainda pode ser uma excelente motivação para a maior adoção de prática sustentáveis por motoristas e frotistas, como buscar parceiros que os ajudem em manutenção preventiva e escolha de rotas que contem com postos de combustíveis com menor emissão.
Conceder incentivo fiscal para a instalação de novas fábricas produtoras de veículos híbridos e elétricos também vale como oportunidade para contribuir com a expansão deste tipo de frota no Brasil, além de gerar mais empregos e movimentar a economia do País.
Pensando em combustíveis, uma revisão dos impostos que incidem sobre o preço final de revenda do etanol e da energia elétrica, por exemplo, ainda podem oferecer uma redução no dispêndio mensal de abastecimento da frota flex, híbrida e elétrica.
É certo que o mercado automotivo tem interesse em usar incentivos públicos como esses para desenvolver novas tecnologias. Muitas companhias podem se tornar fomentadoras de inovação sustentável e já há quem tenha como centro da sua estratégia global a sustentabilidade em tudo que faz, desde o desenvolvimento de um produto até na implementação de um novo processo interno.
Iniciativas relacionadas ao ecossistema de sustentabilidade e inovação ainda impactam na melhora da reputação e do relacionamento entre marcas e consumidores, podendo até mesmo interferir na decisão de compra. Afinal, quem não quer ser reconhecido por agregar as melhores práticas de sustentabilidade ou em consumir o produto mais sustentável do mercado? No entanto, antes disso, vale a máxima de que conhecer o seu público-alvo é a melhor forma de lucrar. Vale então lançar mão de pesquisas que identifiquem a maior necessidade dos clientes, ao mesmo tempo em que a equipe desenvolve planejamentos de apoio a projetos de crédito de carbono ou redução de emissão de poluentes.
No desenvolvimento de produtos direcionado a frotistas, o mercado de mobilidade segue atento às parametrizações das plataformas e roteirizações disponíveis que possam recomendar uma eficiência cada vez maior em quilômetro rodado e análise comparativa de preços por litro. Neste último caso, orientar os clientes quando é interessante a troca por combustíveis não fósseis é um diferencial para a conquista de novos usuários interessados em melhores práticas ESG. Além disso, realizar parcerias com consultorias que promovem a aquisição de créditos de carbono para oferecer às grandes empresas também pode ser interessante.
A frota elétrica é uma iniciativa que muitas empresas estão adotando em projetos pilotos, começando com alguns veículos e aumentando gradativamente a quantidade. Porém, ainda há desafios quanto à cobertura nacional em números de pontos de recarga e à melhora do tempo da própria recarga. Com relação à roteirização, já há sistemas inteligentes que mapeiam e traçam rotas de postos de combustíveis, podendo ser ampliadas facilmente para rede elétrica. Como fazer para evoluir? Mantendo e ampliando contato com empresas que gerenciam esses pontos de recarga, além de investir de forma expressiva em frota, mão de obra capacitada e infraestrutura.
O caminho ainda é longo, mas vejo como uma ótima opção disponível hoje a roteirização dos postos de abastecimento. Não só porque facilita a gestão da frota, com a sugestão de melhores rotas, mas porque pode ser customizada com o principal foco da empresa, seja economizar combustível ou reduzir a emissão de CO2. E, ainda, a partir dos dados dafrota, o frotista consegue identificar os veículos com maior consumo, direcioná-los para manutenção preventiva ou atédecidir pela troca para um modelo mais sustentável. Como eu disse, o caminho é longo, mas já percorremos um bocado.
Petrus Moreira é gerente de marketing e produtos da solução Pluxee Frota.