Leia, a seguir, trechos de um artigo de Claudia Gasparini, escrito para a Exame.com, com uma reflexão importante sobre como podemos sabotar nossas próprias carreiras sem nem perceber.
Selecionamos quatro dicas para que você possa ficar atento a algumas armadilhas que podem comprometer a sua trajetória profissional no longo prazo:
1. Motivação
Encontrar uma boa razão para acordar cedo na segunda-feira e enfrentar uma semana cheia de trabalho é uma qualidade rara e absolutamente necessária em tempos difíceis, em que há tanta gente procurando um emprego. Em excesso, porém, essa busca excessiva pela motivação pode levar você à estafa ou a sofrer estafa ou um burnout.
“Olhe para as startups, que são campeãs de motivação”, afirma Alexandre Teixeira, autor do livro “Felicidade S/A”. “Muitas delas são notórias por suas jornadas de trabalho exageradas e pelas frequentes histórias de esgotamento físico e mental na equipe”.
Os hipermotivados acabam excedendo seus próprios limites voluntariamente. A situação se aproxima, pelo menos em parte, à do workaholic — que enxerga o trabalho como fuga para outros aspectos disfuncionais de sua vida.
2. Ambição
O desejo de crescer na carreira é essencial para ter sucesso a longo prazo, mas pode virar em problema quando a ambição vira competitividade exagerada. “Você se torna cego para o impacto que as suas ações têm sobre si mesmo e sobre os outros. Com isso, seus relacionamentos são prejudicados”, alerta Annie McKee, professora da Universidade da Pensilvânia, em artigo para o site “Harvard Business Review”.
De acordo com o psicólogo e consultor Caio Farhat, profissionais ambiciosos ao extremo correm o risco de se transformar em competidores desenfreados. “Rat race [corrida de ratos, em tradução livre], em psicologia positiva, significa correr atrás de objetivos que não lhe trazem prazer, mas que supostamente trarão felicidade no futuro”, explica. “O problema é que as conquistas passam a ter cada vez menos valor”, já que correr atrás do que não tem alegria não trará a satisfação que você precisa ter com o trabalho.
3. Senso de responsabilidade
Ter consciência sobre os seus deveres e ter consistência nas suas enttregas é um dos pilares mais básicos do profissionalismo. No entanto, é preciso tomar cuidado para não confundir responsabilidade com submissão. “Muita gente se fixa apenas nas demandas da empresa, e acaba deixando de lado suas próprias exigências e necessidades”, explica Farhat.
Segundo McKee, o senso de responsabilidade excessivo cria “super-heróis”. “Muitas pessoas escondem qualquer coisa que possa fazê-las parecer fracas ou vulneráveis, como dificuldades em casa ou a sensação de esgotamento, porque sentem que precisam ser fortes o tempo todo”, escreve a professora.
O problema se agrava quando a obediência cega à empresa é recompensada com bônus, aumentos e promoções. Afinal, qual seria o problema de contrariar as suas vontades, se você está ganhando bem? Mais cedo ou mais tarde, porém, negligenciar a própria felicidade cobrará seu preço.
4. Busca por propósito
As empresas não querem mais funcionários; elas buscam profissionais afinados com sua missão e seus valores. Ao mesmo tempo, grande parte dos profissionais, sobretudo os mais jovens, não desejam só um emprego: querem um trabalho com sentido e significado.
Tudo isso é ótimo, diz Teixeira, mas pode virar um pesadelo a depender da intensidade. “A busca por propósito pode criar uma insatisfação crônica com a própria carreira”, explica o especialista. É o que o especialista chama de ansiedade hedônica: a angústia por não estar se sentindo bem o tempo todo.
Como a realidade nem sempre acompanha esse ideal, também é possível ter mais dificuldade para escolher uma profissão ou área de especialização. Você pode acabar pulando de emprego em emprego, atrás de uma realização grandiosa que nunca chega a se materializar.
Leia o artigo na íntegra na Exame.com.
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